Durante o mês de maio, a ACAPTI aproveita para lembrar do DIA MUNDIAL SEM TABACO, celebrado no dia 31, com iniciativa da OMS, desde 1987. O dia é destinado a ações com alertas para aumentar a conscientização de todos sobre as consequências danosas do tabagismo à saúde pública, como a morte de aproximadamente 8 milhões de pessoas anualmente devido a doenças associadas à exposição ao tabaco.
Em 2024, o tema escolhido traz ênfase à necessidade de conter a exposição infantil ao tabaco, por meio da temática “PROTEGENDO AS CRIANÇAS DA INTERFERÊNCIA DA INDÚSTRIA DO TABACO”. A campanha mundial visa sensibilizar a comunidade sobre os malefícios do consumo de derivados do tabaco e propor uma discussão sobre a constante publicidade desses produtos atingindo o público infantil, destacando a necessidade de monitorar as técnicas de marketing que a indústria está utilizando para incentivar o consumo do tabaco desde cedo. Chamamos a atenção para as consequências do tabagismo associadas a diversas doenças, com o registro atual de 1,2 milhões de mortes ao ano por uso Passivo do tabaco no mundo, além dos já comprovados danos ao planeta.
A exposição de crianças ao fumo está relacionada tanto ao desenvolvimento de problemas físicos, quanto ao desenvolvimento de dependência química. A campanha do dia 31 de maio traz conscientização sobre a saúde como um todo para milhões de pessoas, e aumenta a visibilidade sobre questões graves que impactam diretamente a vida da população. Comprometer-se a limitar o alcance da indústria do tabaco é engajar-se com a própria saúde e com a saúde daqueles que nos cercam, especialmente das crianças, que devem ser protegidas das estratégias publicitárias constantemente devido ao senso crítico ainda ausente nessa faixa etária.
O cigarro eletrônico, embora continue ilegal no Brasil, está atraindo as pessoas desavisadas, especialmente os jovens. A aparência moderna, o gosto atrativo, a ausência de cheiro desagradável são aspectos que vendem esse produto, que se tornou uma nova e perigosa moda do momento. Os cigarros eletrônicos são dispositivos que exalam aerossóis contendo nicotina, e muitas outras substâncias tóxicas. Existem pessoas que acreditam que esses aparelhos são inofensivos. Essa ideia, propagada pela indústria do tabaco, está atraindo em especial os jovens, além de pressionar governos a legalizarem a comercialização dos cigarros eletrônicos. Entretanto, as pesquisas demonstram que esses produtos não trazem nenhuma vantagem em relação aos cigarros comuns. Eles contêm sal nicotina (ácido benzóico associado à nicotina) que induzem à dependência química de forma mais rápida e intensa. Além disso, os Vapes contêm mais de 2000 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados. NÃO há comprovação de que os cigarros eletrônicos auxiliem na cessação do tabagismo, como alguns acreditam. Os usuários continuam tabagistas e utilizando o cigarro comum. Estudos demonstram que o consumo de cigarros eletrônicos aumenta em cerca de 4 vezes a chance do usuário experimentar cigarros comuns, além de aumentar a recaída ao tabagismo convencional entre ex-fumantes.
Portanto, esses dispositivos não apresentam nenhum benefício, nem mesmo de redução de danos. Em 2009, a ANVISA proibiu a venda e a propaganda de cigarros eletrônicos, mas a sua comercialização é intensa pela internet. A dificuldade de regulação tem favorecido a publicidade desses produtos nesse meio, atraindo jovens, que possuem elevada taxa de experimentação. Os dispositivos, de aparência variada, muitas vezes não são identificados pelos pais, podem ser confundidos com material escolar. Pais e professores devem ficar atentos!!!
Portanto, as autoridades de saúde devem ficar em alerta, porque os cigarros eletrônicos podem reverter décadas de esforços de controle do tabaco no país. A atração dos jovens e a renovação do “glamour” do tabagismo ameaçam a saúde pública, com prejuízos incalculáveis à sociedade. É imprescindível manter a imagem do tabaco, em todas as suas formas, como droga prejudicial à saúde e à sociedade.
Desta forma, a ANVISA atualizou a resolução em abril de 2024 e determinou, baseada em evidências científicas, que fica mantida a proibição de fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento e transporte, e a propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar, inclusive de acessórios, peças e refis. No entanto, nas últimas semanas, várias audiências públicas em Brasília têm sido realizadas, até mesmo em carácter de urgência, para questionar e rediscutir esta resolução. Como pneumologistas é importante refletir e estar atento às manobras que ameaçam à saúde das nossas crianças e jovens no Brasil.
COMPROMETA-SE COM O CONTROLE DO TABAGISMO NO MUNDO
Texto Profa. Leila John Marques Steidle
Baseado na Nota Técnica do INCA 2024.
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