31 de maio 2025 DIA MUNDIAL SEM TABACO
- Hudson Silva
- há 6 dias
- 2 min de leitura
No dia 31 de maio, a Associação Catarinense de Pneumologia e Tisiologia (ACAPTI) se une à campanha global do Dia Mundial sem Tabaco, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) criada em 1987. Em 2025, o tema da campanha é “Desmascarando a indústria do tabaco: expondo as táticas das empresas para deixar os produtos de tabaco e nicotina mais atrativos”. O objetivo é ampliar a conscientização da população, dos profissionais da saúde e dos formuladores de políticas públicas sobre as estratégias nocivas da indústria do tabaco, que visa especialmente o público jovem para garantir a renovação de seus consumidores. O impacto do tabagismo continua alarmante: o tabaco é responsável por cerca de 8 milhões de mortes anuais em todo o mundo, incluindo 1,2 milhão por exposição ao fumo passivo. No Brasil, dados do Vigitel 2023 indicam que 9,3% dos adultos são fumantes, com prevalência maior entre os homens. Entre adolescentes de 13 a 15 anos, a situação também é preocupante: segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), 22,5% dos meninos e 22,6% das meninas já experimentaram cigarro.
A indústria do tabaco investe em estratégias cada vez mais sofisticadas para atrair novos consumidores, principalmente entre os jovens. Entre essas táticas, estão o uso de sabores e aromatizantes que mascaram a aspereza da fumaça, embalagens coloridas e design chamativo, associação dos produtos com estilos de vida modernos, utilização de personagens e formatos infantis que simulam doces ou objetos escolares, e marketing digital agressivo, sobretudo nas redes sociais. Um dos principais alvos atuais são os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como os cigarros eletrônicos, que são promovidos com promessas enganosas de menor risco e forte apelo sensorial. Apesar de proibidos no Brasil pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 855/2024 da Anvisa, esses produtos circulam livremente na internet e continuam a seduzir adolescentes. Pesquisas indicam que usuários de vapes têm até quatro vezes mais chance de iniciar o consumo de cigarros convencionais.
O enfrentamento dessa realidade exige políticas públicas consistentes e regulação firme. O Brasil, signatário da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), tem adotado medidas importantes nesse sentido. A RDC nº 14/2012 da Anvisa, por exemplo, proíbe o uso de aditivos que conferem sabor e aroma aos produtos derivados do tabaco, como forma de reduzir sua atratividade e retardar a iniciação. No entanto, a norma segue parcialmente judicializada, o que permite a permanência de mais de 1.100 produtos com aditivos no mercado brasileiro. A manutenção das proibições tanto dos aditivos quanto dos DEFs está em consonância com as diretrizes internacionais e é essencial para a proteção das novas gerações.
Neste contexto, os profissionais da saúde, especialmente os pneumologistas, têm papel fundamental. É indispensável estarmos atentos e mobilizados frente às tentativas de flexibilização das normas vigentes. A imagem do tabaco, em todas as suas formas, deve continuar firmemente associada aos danos à saúde e às perdas sociais que provoca. O momento atual exige posicionamento ético, embasado em evidências científicas, para proteger nossas crianças e adolescentes. A campanha de 2025 da OMS e do Instituto Nacional de Câncer (INCA) convoca e a ACAPTI responde a esse chamado e reafirma seu compromisso com a saúde respiratória da população.

Dia Mundial sem Tabaco 2025
Por Leila John Marques Steidle, com base na Nota Técnica do INCA 2025
Comments